RIO - O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou
em coletiva neste domingo, após a ocupação do Complexo da Maré, que o trabalho
no conjunto de favelas não é uma ação exclusiva para a Copa do Mundo, mas sim
um legado para a cidade:
— Todas as UPPs têm sua importância estratégica, assim como a Maré, por
ficar próxima de locais como Linha Amarela, Linha Vermelha, aeroporto e Fundão.
Mas a nossa proposta é de legado. Não é exclusiva (a ocupação) para a Copa ou
para os Jogos Olímpicos, mas para a população — afirmou.
Segundo Beltrame, a ação na Maré terá certas peculiaridades, em função
das diferentes facções criminosas existentes no local. Ele garantiu que haverá
um trabalho de inteligência integrado entre as polícias para impedir que o tráfico
retome o poder. O secretário elogiou a atuação da polícia.
— Mais uma vez, fomos muito bem. Vamos entregar o terreno a quem merece
e é dono, que é a população. Tudo ocorreu tranquilamente. Para nós não foi
surpresa, porque todas as ocupações têm sido assim. A gente já se apresenta
para as pessoas, mostrando que quer ocupar aquele território. O nosso próximo
será cumprir os mandados de prisão. — disse o secretário, durante coletiva no
Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), realizada com a presença de
representantes das polícias Federal, Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros, da
Marinha e da Secretaria estadual de Assistência Social.
A ocupação na Maré contou com um efetivo de 1.500 homens. A operação no
complexo irá continuar com ações de busca e apreensão de armas, drogas e
traficantes. No entanto, o chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, garantiu
que não vai haver varredura em todas as residências.
— A polícia não pretende nem vai entrar em todas as casas, mas cumprir
num trabalho de investigação, a partir de informações do nosso serviço de
inteligência — explicou ele, enquanto recebia uma mensagem ao celular, sobre
uma prisão de uma pessoas, com dois mandados pendentes, que acabava de ser
feita na Maré.
Para Cabral, este é um dia histórico
Pela manhã, o governador Sérgio Cabral já havia comentado a ocupação da
Maré, ocorrida em 15 minutos e sem o disparo de tiros. Para eles, este é um dia
histórico:
- Nos últimos 40 anos, aquelas favelas estavam desamparadas pelo poder
público e cresciam, cada vez mais, no entorno da Avenida Brasil, das linhas
Amarela e Vermelha, do Galeão, do Fundão e com a Fiocruz bem ali em frente. Não
podíamos mais tolerar esse domínio do poder paralelo. Hoje foi, sem dúvida, um
dia histórico - declara Sérgio Cabral.
O governador destacou, ainda, que a ocupação da Maré já estava prevista,
porém, foi antecipada por conta dos últimos acontecimentos:
- Nos últimos três meses o poder paralelo vem tentando nos intimidar e,
assim, provocar o enfraquecimento da nossa política de pacificação vitoriosa.
Por isso, na madrugada de quinta para sexta da semana passada, foi pensado um
plano de ação de combate - afirma Cabral.
Cabral também agradeceu a colaboração da presidente Dilma Rousseff e o
desempenho das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, do
Exército, Marinha, Aeronáutica, Corpo de Bombeiros e da Prefeitura do Rio.
- O trabalho em conjunto de todos os órgãos foi essencial. E a
presidente Dilma foi primordial para todo este processo acontecer, já que ela
atendeu aos meus pedidos prontamente. Solicitei uma reunião emergencial na
sexta da semana passada, e na segunda já estávamos bolando o nosso plano de ocupação
- explica.
O governador também destacou a dimensão do complexo, que tem cerca de
120 mil habitantes.
- A Maré é quase uma cidade, se pensarmos que 80% dos municípios
brasileiros não têm a quantidade de moradores que existe lá. E todos eles
estavam privados dos serviços públicos mais básicos, como os Correios, Comlurb,
Corpo de Bombeiros e Rioluz, antes impedidos pela ocupação do tráfico.
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