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quarta-feira, abril 10, 2013

Banco Mundial apresenta nesta sexta-feira estudo sobre UPP na visão dos moradores


JORNAL O GLOBO 06 DE ABRIL DE 2013
RIO - Dormir a noite inteira sem ter o sono interrompido por tiros de fuzil, que num passado recente o obrigava a arrastar os filhos para debaixo da cama, numa tentativa de evitar as balas perdidas. O relato feito por um pai de família, que vive no Morro do Borel, na Tijuca, integra uma pesquisa inédita que aborda pelo olhar dos moradores de comunidades o processo de consolidação das Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). O estudo elaborado pelo Banco Mundial foi apresentado na manhã desta sexta-feira, no Instituto Pereira Passos, em Laranjeiras.

Realizado a partir de relatos colhidos de moradores de comunidades antes dominadas pelo tráfico de drogas, o estudo “O retorno do estado às favelas do Rio de Janeiro: Uma análise da transformação do dia a dia das comunidades após o processo de pacificação”, tem por objetivo analisar as mudanças ocorridas nesses territórios. Para isso, os pesquisadores entrevistaram quase cem moradores das comunidades do Chapéu Mangueira e Babilônia (Leme), Pavão-Pavãozinho (Copacabana), Cantagalo (Ipanema), Morro do Borel (Tijuca) e Manguinhos.

Até agora, os estudos relacionados às UPPs tinham como base a qualidade de vida no momento inicial da pacificação ou em análises quantitativas sobre as alterações dos índices de criminalidade e preços de imóveis. O relatório apresentado nesta manhã pela diretora do Banco Mundial para o Brasil, Deborah L. Wetzel, visa preencher lacunas informativas ao documentar como os moradores sentiram a mudança e, sobretudo, medir o “efeito UPP”. Os resultados buscam fornecer bases informativas com vistas à implantação de UPPs em mais favelas nos próximos anos.

O relatório explora percepções de mudanças em três áreas principais: as interações sociais e a vida comunitária dentro da favela, a relação dos moradores com a polícia e a integração das favelas com a cidade como um todo em termos de serviços públicos, oportunidades econômicas e desestigmatização. Entre fevereiro e outubro de 2011, os pesquisadores envolvidos no trabalho observaram e entrevistaram moradores, líderes comunitários, comerciantes e jovens. Em resumo, apesar de desconfiados, os habitantes dessas localidades comemoram a retomada do direito de ir e vir.

É o que se percebe ao ler os relatos de moradores. Para muitos, passar à noite sem ouvir tiros, circular sem a presença de homens armados e, sobretudo, sair para o trabalho sem o temor de que os filhos acabem aliciados pelo tráfico são pontos apontados como favoráveis ao processo de pacificação.

Entre as favelas selecionadas como estudos de caso, três receberam a UPP em diferentes momentos: Babilônia/Chapéu Mangueira em 2008, Pavão-Pavãozinho/Cantagalo em 2009 e Borel/Casa Branca em 2010. Já em Manguinhos, não havia UPP até a conclusão do relatório. A região, por tanto, permanecia em grande parte sob o controle do tráfico. Por esse motivo, foi incluída como um caso de controle. Assim, o relatório faz referência a Manguinhos como o caso sem UPP.

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