Publicado:8/12/13 - 8h57
Atualizado:8/12/13 - 9h53
Moradores do Dona
Marta usam lanterna em viela da favela Guito Moreto / O Globo
RIO — Se por um
lado a UPP abriu caminho para que o Morro Dona Marta, em Botafogo, se consolide
como ponto turístico, também deixou à mostra as carências típicas das favelas. Algumas
delas, contudo, só podem ser vistas à noite, com auxílio de lanternas. É assim,
iluminando o próprio caminho, que Antônia de Oliveira, de 52 anos, chega em
casa, ironicamente, na Rua da Luz. Apesar de os R$ 7 da taxa pelo serviço
constar mensalmente da conta de luz, o breu toma conta de becos e vielas,
obrigando moradores a andarem com lanternas para escapar da escuridão.
— A gente anda
igual a vaga lume, iluminando o caminho para não cair — lamenta outra moradora,
Regina da Silva.
A Rio luz se
defende. Diz que atua em todas as favelas pacificadas. No Dona Marta, garante
que implantou 500 pontos de luz e fez a manutenção de outros 437. E transfere a
responsabilidade àqueles que fazem “gatos”, alegando que, sempre que a carga
ultrapassa o estipulado como padrão, a energia é desligada, só sendo
restabelecida pela Light após o furto ser coibido.
Esgoto a céu aberto
é mais um problema que extrapola a pacificação. Que o diga o presidente da
Associação de Moradores do Dona Marta, Jose Mario Hilário dos Santos:
— Temos 80% das
casas ligadas à rede de esgoto oficial e cinco valas negras.
Já a UPP Social,
coordenada pelo Instituto Pereira Passos (IPP), contabiliza investimentos da prefeitura
de R$ 1,5 bilhão nas comunidades pacificadas. Do total, R$ 1 bilhão são para o
programa Morar Carioca, de urbanização e habitação. Quanto à saúde, as áreas
com UPPs são prioridade. Segundo o secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Paulo
Carvalho, atualmente o Programa Saúde da Família atende 75% das áreas
pacificadas contra 41% da cidade. Até 2016, diz ele, a cobertura do Saúde da
Família será de 100% nas favelas pacificadas e 70% em todo o município.
Bons resultados à
parte, Pedro Paulo e a presidente do IPP, Eduarda La Rocque, consideram como um
desafio a melhoria da limpeza urbana nas áreas com UPPs. Mas há luz no fim do
túnel: a Comlurb está estudando uma nova forma de trabalhar nas favelas e
pretende começar a implantá-la em janeiro pela Rocinha.
— Temos que
transformar essas áreas e integrá-las aos bairros. Os serviços públicos do
asfalto precisam estar nas favelas. O gari que limpa o asfalto, por exemplo,
tem de limpar a favela — afirma Eduarda.
O presidente da
Comlurb, Vinícius de Sá Roriz, conta que, uma a uma, cada favela pacificada
está sendo analisada. É o projeto Comunidade Limpa.
— Temos de levar em
consideração que, nas comunidades, os imóveis são pequenos e as pessoas não
conseguem estocar lixo em casa — ressalta Vinícius.
Uma das mudanças
será tornar rotina o serviço do gari alpinista. Esse é hoje um trabalho
eventual, em encostas que viraram lixões, como a do Pavão-Pavãozinho, nos
fundos do Edifício Líbano, em Copacabana: lá o problema só se agrava desde
1990, revela o síndico Enrico Alvarenga.
O GLOBO
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