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quinta-feira, março 13, 2014

Polícia ocupa a Vila Kennedy para instalação da 38ª UPP







·        Força de segurança tomou a comunidade em cerca de 20 minutos
·        Dezessete escolas da região ficarão fechadas nesta quinta-feira

Enquanto policiais hasteiam bandeiras, moradores comemoram o início da pacificação na Vila Kennedy Pablo Jacob / Agência O Globo
RIO — Em apenas 20 minutos, policiais do comando de operações especiais da PM ocuparam as comunidades da Vila Kennedy e Metral, onde será instalada a 38ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em Bangu, na Zona Oeste da cidade. A ação das polícias Militar e Civil começou por volta das 5h desta quinta-feira. Até as 13h, nove pessoas haviam sido presas, sendo três delas com mandados de prisão: uma mulher por tráfico, um homem por receptação e outro por ameaça e injúria. Além disso, seis pessoas foram presas em flagrante. Na Favela do Metral, policiais apreenderam duas motocicletas e dois carros roubados. Cerca de dez carros do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estiveram na comunidade.

Mais cedo, na chegada da polícia à região, as pistas da Avenida Brasil chegaram a ficar fechadas por cerca de 20 minutos, como medida de segurança. Não houve registro de confrontos.

O traficante Robson Luís Borges, conhecido como Robinho da Vila Kennedy, foi preso por policiais da UPP do Complexo do Lins. Ele tinha oito mandados de prisão pendente por roubo e é acusado de assassinar um policial civil no bairro do Grajaú, em julho de 2012. O secretário José Mariano Beltrame disse que a prisão foi importante.

- Ele era uma pessoa conhecida no mundo do crime.

Morador da Vila Kennedy há 48 anos, o aposentado Gelson Machado, de 75 anos, disse que vê com alívio a chegada da polícia à comunidade. Ele contou que os tiroteios na região eram diários e, algumas vezes, duravam até mais de 40 minutos.

O local onde foi implantada a base de operações do Bope, conhecido como Campo Leão 13, servia de rota de fuga de bandidos, que circulavam na região fortemente armados. Nas ruas que dão acesso ao campo, havia vestígios de barricadas montadas por traficantes. No entorno, as paredes de quase todas casas tinham pichações.

Cerca de 260 policiais do Bope e do Batalhão de Choque participaram da operação. Eles contaram com o apoio do Grupamento Aéreo Marítimo (GAM), do Batalhão de Ação com Cães (BAC), do Batalhão de Policiamento de Vias Especiais (BPVE) e do 14º BPM (Bangu).

Policiais do Bope montaram uma base operacional próximo a um campo de futebol na Vila Kennedy. A base de comando e controle do Bope recebeu imagens em tempo real feitas pelo helicóptero blindado da PM.

Simultaneamente à ocupação da Vila Kennedy, policiais do Bope fizeram uma rápida operação na favela Vila Aliança, em Senador Camará, na Zona Oeste. As equipes foram ao local após receberem informações de policiais que estavam no helicóptero da PM. Segundo os agentes, havia uma movimentação de traficantes da região.

Ao chegar à comunidade, os policiais localizaram um grupo de criminosos e foram recebidos a tiros. Após o primeiro confronto, três traficantes fugiram, entraram em uma casa e chegaram a fazer um morador de refém. Policiais do Bope cercaram o local e conseguiram prender os três homens. Um carro, uma pistola, um fuzil AR-15 e munição foram apreendidos.

Retirada de barricadas na Vila Kennedy

Retroescavadeiras do Bope retiraram barricadas construídas por traficantes na favela para evitar o acesso da polícia. Helicópteros da PM sobrevoavam as comunidades da Vila Kennedy e Metral, enquanto policiais faziam uma varredura pelas ruas da favela. Policiais do Batalhão de Ação com Cães (BAC) também fizeram uma varredura em becos e vielas com cães farejadores em busca de drogas e armas.

Uma base móvel do Instituto Félix Pacheco (IFP), com tecnologia de leitura de digital biométrica para identificação de suspeitos, foi montada no pátio do BPVE, na Rua Tunis s/nº. Equipes de policiais civis do Esquadrão Antibomba e de peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) ficaram na 34ª DP (Bangu), unidade responsável por registrar as ocorrências durante a ocupação. Por causa da ação, 17 escolas das redes estadual e municipal da região estão fechadas nesta quinta-feira.

Tráfico atuava livremente

Antes do início da operação, o tráfico atuava livremente na quarta-feira. Em mais uma reação do tráfico ao processo de pacificação, bandidos da Vila Kennedy montaram barreiras nas ruas — inclusive incendiando lixo e pedaços de madeira, entre outros materiais — para impedir o acesso de veículos da PM à comunidade.

De manhã e no início de tarde, jovens podiam ser vistos fumando maconha, sobretudo num trecho ao lado de um campo de futebol, junto a uma escola, na Avenida Central. A toda hora, rapazes em motos passavam intimidando moradores e jornalistas.

Havia pelo menos oito barricadas, feitas, entre outros itens, de blocos de concreto, pneus e até um sofá. As barreiras estavam na entrada da Vila Kennedy e em acessos a bocas de fumo. Os "gerentes' do tráfico já teriam deixado a comunidade. Segundo um comerciante, que também pediu para não ser identificado, desde o fim de semana bandidos estão impondo toque de recolher.

De acordo com um levantamento da Gerência de Estudos Habitacionais do Instituto Pereira Passos (IPP), com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a Vila Kennedy e Favela da Metral somam uma população de 33.751 pessoas e 10.294 domicílios. No bairro de Bangu, a população é estimada oficialmente em 428 mil habitantes.

Criminosos organizaram fuga

Na tarde de terça-feira, criminosos se reuniram em seu quartel-general, na Rua Congo, para organizar a fuga do lugar. Eles usaram motos para deixar a Vila Kennedy e, para facilitar a escapada, atiraram contra transformadores, deixando a região às escuras.


Durante a madrugada de quarta, traficantes em motocicletas circularam armados pelas ruas da comunidade e deram tiros para o alto. Eles intimidaram comerciantes e moradores, fazendo ameaças àqueles que apoiarem a pacificação. Pela manhã, operários trabalhavam para consertar os transformadores e restabelecer o fornecimento de energia elétrica. Uma das equipes recebeu ameaças, supostamente de traficantes

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