O GLOBO
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Proposta traz o exemplo da política de pacificação implementada no Rio
de Janeiro
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Iniciativa precisa da assinatura de 1,5% dos portenhos para ir à votação
no Legislativo local
Favela Villa 31, a maior de Buenos Aires: plano das unidades de
pacificação da cidade se baseia nas UPPs cariocas Janaína Figueiredo / Agência O Globo/19-6-2008
BUENOS AIRES — A luta contra o
narcotráfico pode bater às portas do Legislativo portenho caso prospere uma
iniciativa que propõe a criação de unidades de pacificação policial e social
dentro de favelas e assentamentos da cidade. O projeto, criado pelo Instituto
de Políticas de Pacificação, presidido pelo dirigente político portenho Diego
Kravetz, será apresentado oficialmente nesta quinta-feira. A partir de amanhã
serão instaladas mesas pela cidade que receberão assinaturas para o plano
ingressar no Legislativo como iniciativa popular. Será necessário o apoio de
1,5% do censo local.
Segundo o rascunho do projeto, as
unidades de pacificação policial “são corporações de polícia especialmente
treinadas para intervir em zonas de conflito e combater o narcotráfico,
principal fonte de violência nas favelas e assentamentos”.
— Em uma segunda etapa, seriam
instaladas as Unidades de Pacificação Social (UPS), que realizariam trabalhos
comunitários no território recuperado a fim de melhorar e garantir o ingresso
de serviços formais, junto aos vizinhos e habitantes do local — explicou
Kravetz, assegurando que o projeto “vai ter os votos para ser tratado nos
próximos meses”.
As unidades armadas seriam compostas
por agentes da Polícia Metropolitana. O tamanho do efetivo dependerá da
população atendida. O projeto prevê que as unidades maiores serão compostas por
400 policiais. Essa força será necessária quando houver uma faixa de habitantes
superior a 20 mil moradores.
Apesar de a Polícia Metropolitana
contar com 5.200 homens, o responsável pela proposta sustenta que a corporação
pode ser implementada aos poucos.
— Com o máximo de 800 policiais seria
possível começar os trabalhos nas comunidades mais problemáticas. Para combater
o narcotráfico, terão ingressar nas (favelas) 1-11-14 e nas 21-24. Assim a
situação mudaria completamente.
Recuperação territorial
A proposta afirma que atualmente a
cidade de Buenos Aires tem 15 favelas, duas delas urbanizadas; 24 assentamentos
e dois núcleos habitacionais transitórios. O projeto também argumenta sobre a
experiência brasileira nas favelas do Rio de Janeiro.
“A inclusão social e a urbanização
são medidas fundamentais, mas impraticáveis por si sós em uma primeira etapa.
Esta deve consistir necessariamente na recuperação territorial das mãos dos
criminosos que exercem autoridade nesses locais. É o caso do Rio de Janeiro,
que executa desde 2008 uma plano para erradicar o crime organizado nas
favelas”, indicam as argumentações do documento.
Cristian Ritondo, primeiro
vice-presidente do Legislativo de Buenos Aires, sinalizou que analisará a
iniciativa.
— Tem que ver o planejamento. Sempre
estaremos de acordo em levar mais segurança à população. Não é desatino pensar
em um debate sobre o assunto.
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