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sexta-feira, março 21, 2014

União enviará tropas federais para tentar conter ataques de bandidos

·        Estratégia de segurança será formalizada na próxima segunda-feira, em nova reunião com ministérios da Justiça e da Defesa
               
                 O GLOBO

Ao lado do ministro da Justiça, Cabral confirma reforço federal no Rio após ataquesJorge William / Agência O Globo
BRASÍLIA e RIO — Em uma reunião de quase duas horas, a presidente Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral acertaram nesta sexta-feira o envio de tropas federais para reforçar as ações de combate aos ataques de organizações criminosas nas comunidades pacificadas do Rio. Segundo o governador, a estratégia de segurança será formalizada na próxima segunda-feira, em nova reunião com representantes dos ministérios da Justiça e da Defesa, sinalizando que o reforço deverá contar com homens da Força Nacional (composta por quadros das polícias Civil, Militar e Federal) e das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). Este ano, quatro PMs de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Complexo do Alemão já foram mortos em ataques do tráfico. Além disso, já ocorreram cerca de 30 tiroteios na Rocinha.

Depois do encontro no Palácio do Planalto, Cabral e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disseram que não detalhariam as medidas a serem tomadas, pois, em questões de segurança pública, a estratégia precisa ser implementada antes de ser divulgada. O governador afirmou que a operação conjunta será detalhada na segunda-feira, mas o governo do Rio não está parado. Segundo ele, todos os policiais civis e militares estão de prontidão para garantir a segurança da população neste fim de semana.

— Quem quer guerra são os marginais. Nós queremos paz nas comunidades. Quem quer guerra, quem quer conflito, quem quer atirar em policial militar covardemente são eles. A nossa polícia está muito motivada, nossa Polícia Civil tem feito grandes investigações, contado com o apoio das forças federais, feito grandes trabalhos. E este fim de semana também será de grandes trabalhos — afirmou o governador.

Ministro: solidariedade total

Cabral disse que a polícia do Rio identificou que os ataques são uma ação orquestrada para desmoralizar a política de pacificação. Segundo ele, nas áreas com Unidades de Polícia Pacificadora, a taxa de homicídios foi reduzida em 65%.

— O crime organizado tenta desestabilizar a presença da polícia nessas comunidades com ataques covardes, gerando o pânico e fazendo vítimas entre PMs e civis. É o momento em que as UPPs estão sendo checadas, provocadas. Há uma tentativa clara de desmoralizar as UPPs, que são uma referência — disse Cabral, negando que haja constrangimento de pedir ajuda federal.

Segundo Cardozo, a orientação da presidente é para que o governo federal apoie as iniciativas do Rio, reforçando a parceria entre as duas esferas de poder. De acordo com o ministro, a solidariedade da União com o estado é total. Na próxima segunda-feira, o governador vai oficializar o pedido ao governo federal. Só então a presidente autorizará o envio das tropas.

— Às perguntas sobre que forças vão intervir, onde vão intervir e como vão intervir, eu não poderei responder. Não é maldade com a imprensa, mas questões de segurança pública são tratadas sigilosamente. Depois, tanto eu quanto o governador prestaremos as contas de tudo que foi efetivamente feito. Mas antes tem que ser executado — disse o ministro.

Cabral agradeceu o apoio e a solidariedade que o Palácio do Planalto “sempre teve” com seu governo. Cardozo disse que a União já está acompanhando e ajudando as polícias fluminenses.

— Temos uma concepção muito clara: o governo federal e o governo do Estado Rio são mais fortes juntos do que o crime organizado — disse Cardozo.

Sobre a Copa, Cabral disse que sua preocupação principal é com a população fluminense e que o Mundial é “decorrência”. Cardozo afirmou que o governo tem um excelente plano para a Copa e que está certo de que os jogos ocorrerão num cenário de segurança.

Tropas ajudaram outras vezes

Tropas federais já atuaram outras vezes auxiliando na segurança pública do Rio. O próprio programa de pacificação já contou com a ajuda da União. Em novembro de 2011, por exemplo, fuzileiros navais e blindados da Marinha participaram da ocupação da Favela da Rocinha, que mais tarde ganharia uma Unidade de Polícia Pacificadora.

Um ano antes, em novembro de 2010, fuzileiros navais com os rostos pintados, em seis carros blindados, também atuaram, juntamente com policiais do Bope e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na ocupação da Vila Cruzeiro, na Penha. Próximo dali, militares do Exército ficaram 19 meses no Complexo do Alemão, durante o processo de pacificação.

No ano passado, para a visita do Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, em julho, o esquema de proteção ganhou o reforço de integrantes da Força Nacional de Segurança, que foram espalhados por diversos pontos da cidade, principalmente as vias usadas nos deslocamentos do líder religioso.

Em janeiro de 1995, as três Forças Armadas participaram da Operação Rio, de combate à criminalidade em diversas favelas. Só no Complexo do Alemão, foram 4.200 homens, 12 blindados e 11 helicópteros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A ação durou quatro meses, resultando em 197 prisões.

Em junho de 1992, tropas federais também foram para as ruas, para garantir a segurança na cidade durante a realização da Rio-92, conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento. Na época, blindados militares podiam ser vistos posicionados em pontos estratégicos. Mais de cem chefes de governo e de Estado vieram para o evento. Vinte anos depois, foi a vez da realização da Rio+20. Mais uma vez, a cidade teve a segurança reforçada por tropas federais.


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