O GLOBO
De acordo com o Sindicato dos Jornalistas e Profissionais de Comunicação
do Rio, pelo menos três jornalistas foram feridos durante o protesto contra a
Copa do Mundo na Praça Saens Peña, na Tijuca, Zona Norte do Rio, na tarde deste
domingo. Samuel Costa, diretor do sindicato e fotógrafo freelancer, foi ferido
nas costas por estilhaço de bomba de gás lacrimogêneo. Mauro Pimentel,
fotógrafo do Terra, teve o equipamento quebrado e foi agredido por PMs. Jason
O'hara, documentarista canadense, foi agredido. Ele foi encaminhado para o Hospital
Souza Aguiar. Segundo a Secretaria municipal de Saúde, ele já foi atendido por
causa de uma lesão na perna direita e passa bem. Dois ativistas do Mídia Ninja
também foram feridos, segundo o sindicato. Felipe Peçanha e Ronaldo Guerreiro
teriam tido os equipamentos quebrados e foram agredidos por PMs. A presidente
do sindicato, Paula Máiran, estima que o número de feridos, entre jornalistas e
comunicadores, chegue a dez. Ainda não há informações oficiais sobre quantas
pessoas, no total, ficaram feridas no confronto, nem de quantas foram presas.
Segundo advogados do grupo Habeas Corpus, oito pessoas foram detidas e levadas
para a 21ª DP (Bonsucesso) e pelo menos uma, para a 19ª DP (Tijuca).
Entre os feridos está também o fotógrafo Loldano da Silva, que foi
atingido por dois golpes de cassetete no braço esquerdo. Ele foi encaminhado
para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca. De lá, levado para o
Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, onde realizou uma radiografia. Uma
diretora do Sindicato dos Jornalistas e Profissionais de Comunicação do Rio,
Gisele Martins, teria passado mal por ser asmática e ter inalado gás lacrimogêneo.
Depois de um bloqueio policial que durou mais de três horas, o protesto
de manifestantes contra a Copa do Mundo que acontecia na Praça Saens Peña foi
dissipado por volta das 18h30m, mas o bloqueio policial continuou. Àquela hora,
em um dos bares que estava dentro da área bloqueada, manifestantes e policiais
acabaram se reunindo para assisitr à partida entre Argentina e Alemanha. Mais
cedo, manifestantes entraram em confronto com policiais militares. Bombas de
gás lacrimogêneo foram lançadas contra o grupo, de cerca de 200 pessoas. Os PMs
cercaram todas as vias de acesso à Saens Peña, e ninguém conseguia sair nem
entrar na região. Quem tentava furar o bloqueio era impedido com bombas.
Durante o confronto, a cavalaria da PM chegou a avançar sobre manifestantes,
que levaram golpes de cassetete. A Rua Conde de Bonfim, principal via do
bairro, ficou fechada até por volta das 19h, assim como os acesso à estação
Saens Peña do metrô, que reabriu por volta das 18h45m, depois de quase três
horas de portões cerrados. Segundo a concessionária Metrô Rio, isso aconteceu
por medida de segurança, mas muitos passageiros reclamaram de terem ficado
presos lá dentro.
AÇÃO DA PM É CRITICADA POR MORADORES DO BAIRRO
As barreiras montadas pela PM ao redor da Praça Saens Pena foi criticada
por moradores, como Celso Jorge Santos, que não conseguiu passar pela Rua Conde
de Bonfim para ir para casa:
— A polícia não me deixou ir para casa. Deveriam pensar na dispersão da
passeata - disse.
O enfermeiro Cleiton Avelar estava passando pelo bairro e não conseguiu
terminar o percurso até sua casa, no Grajaú.
— Estou há mais de uma hora tentando ir pra casa. Já tentei passar por
sete barreiras e nada. Acho isso ridículo, o Maracanã é lá do outro lado, e
todas as ruas de saída da Tijuca estão bloqueadas — reclamou.
Convocada pelas redes sociais, a manifestação foi organizada pelo
movimento "Nossa Copa É Na Rua". Os ativistas carregavam faixas, com
frases contra a Copa do Mundo, em português e inglês, além de bandeiras
vermelhas de movimentos de esquerda e até uma da Palestina. Numa delas estava
escrito "Copa de sangue". Além de gritar palavras de ordem, o grupo
distribuía folhetos com reivindicações.
Muitos jornalistas, inclusive estrangeiros, acompanhavam o ato, além de
representantes da mídia alternativa. O ativista Felipe Peçanha, da Midia Ninja,
contou ter sido espancado por um grupo de PMs.
— Todos os policiais aqui estavam rindo de forma sádica das pessoas
sendo agredidas. Eu não fiz nada de errado, só estou transmitindo o ato por um
celular, e fui espancado, no chão, por oito PMs — afirma Felipe.
Por causa da interdição na Conde de Bonfim, ruas como a Heitor Beltrão,
a General Roca e a Pinto de Figueiredo tiveram o trânsito interrompido. O
tráfego ficou complicado na região.
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