SÃO PAULO — O prefeito Eduardo Paes (PMDB) admite estar preocupado com a
possibilidade da série de protestos contra a realização da Copa Mundo no Brasil
migre para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. A estratégia de Paes é percorrer
meios de comunicações e entidades defendendo os investimentos feitos na cidade
para 2016. Poucos meses antes da Copa, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da
Presidência, Gilberto Carvalho (PT), tentou dialogar com os movimentos sociais.
Após a Copa, ele admitiu que um dos erros do governo foi a falta de diálogo com
a sociedade.
— A Copa foi o foco dos protestos ao longo do ano. Dividi esse enorme
calor popular com 12 prefeitos, 12 governadores e mais a torcida do Flamengo e
do Corinthians aqui. O fato é que agora as Olimpíadas são só no Rio, e eu estou
buscando aqui fazer alguns esclarecimentos sobre para não ser só eu a receber
todas essa fortes emoções daqueles que contestam os grandes eventos — afirmou o
prefeito, dizendo ainda que não poderia deixar de fazer um “mínimo de
propaganda” do evento.
Durante palestra no "Diálogos Capitais: Metrópoles
Brasileiras", da revista Carta Capital, Paes afirmou que a história das
Olimpíadas será contada de “forma diferente”. E, que no momento, ela está sendo
“mal compreendida ainda”.
— As Olimpíadas têm um volume enorme de recursos privados. Do orçamento
total, 60% é de recurso privado. O equipamento esportivo tem 70% do orçamento
privado. Nas Olimpíadas, para cada real gasto com equipamento, tem R$ 5 sendo
gasto com legado — defendeu o prefeito.
Paes também afirmou que, desde que começaram as manifestações do ano
passado, tem se “esforçado” para manter diálogo com a sociedade e com a
imprensa.
CIDADES FALIDAS
Ao falar sobre o desafio das metrópoles brasileiras, como a degradação
dos centros das cidades e a expansão "exagerada" dos territórios
urbanos, Paes criticou a dificuldade que os municípios têm para financiar
investimentos necessários para se garantir a qualidade de vida da população. E
aproveitou para criticar a concentração de recursos pelo governo federal:
— O futuro presidente ou presidenta da República tará que tratar do tema
da segurança. É um dilema da sociedade brasileira. Mas há uma concentração excessiva
de recursos em Brasília, por mais que Rio e São Paulo sejam cidades com elevada
arrecadação. Imagina a situação dos prefeitos que dependem permanentemente (de
recursos do governo federal).
Paes também saiu em defesa do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad
(PT), e disse que a cidade está se tornando "inadministrável":
— A partir do momento que o país instituiu a Lei da Responsabilidade
Fiscal, inserindo controle, congelou-se completamente a possibilidade de as
cidades realizarem as coisas. Pra se ter uma ideia, o Rio, que tem 40% de sua
receita corrente líquida de endividamento, o que é baixíssimo porque a lei
permite 120%, não poderia contrair financiamentos, se não fosse o argumento das
Olímpiadas. Com esse modelo, a cidade de São Paulo se tornou inadministrável.
PRISÃO DE MANIFESTANTES
Paes, que chegou a São Paulo na manhã desta segunda-feira, afirmou ter
acompanhado o caso da advogada Eloísa Samy apenas pela imprensa e preferiu não
opinar sobre o caso. A ativista é acusada de ter comandado atos violentos no
Rio, e pediu asilo político no consulado do Uruguai, em Botafogo.
— Estou acompanhando pela imprensa, mas é um tema que prefiro não
comentar porque acho que é um decisão de Justiça e investigação da polícia e do
Ministério Público. Confesso que não conheço detalhes para opinar.
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