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sexta-feira, outubro 03, 2014

O GLOBO

RIO — A Secretaria estadual de Segurança informou, nesta quinta-feira, que abriu uma investigação para apurar uma suposta motivação política por trás das ações de traficantes que, desde terça-feira, provocaram pelo menos cinco mortes em comunidades da Região Metropolitana. Após uma reunião com o governador Luiz Fernando Pezão e representantes das polícias Civil e Militar, o secretário José Mariano Beltrame disse que ‘‘há uma predisposição para que esses confrontos aconteçam em períodos eleitorais’’. Ele anunciou que, nesta sexta-feira, será realizada uma operação de busca aos responsáveis pelos ataques ocorridos nos complexos da Maré e do Alemão, na Tijuca, na Mangueira e em Niterói. Também nesta sexta-feira, cerca de 30 mil PMs estarão de prontidão em áreas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e em regiões que concentram locais de votação, numa antecipação de um esquema de segurança planejado para as eleições de domingo.

— Estou vivendo a terceira eleição no Rio. Há uma predisposição para que esses confrontos aconteçam em períodos eleitorais. Em 2007, por exemplo, colocaram fogo em ônibus com pessoas dentro. Também metralharam delegacias depois que anunciei o envio de 40 detentos para presídios federais. Em 2010, queimaram dezenas de ônibus. De certa forma, as ações que acontecem agora já eram previstas. Estamos com nossos setores de inteligência nas ruas. É um movimento articulado do tráfico no sentido de desmoralizar o processo de pacificação devido aos prejuízos sofridos por marginais — disse Beltrame.

Porém, o secretário de Segurança destacou que só a investigação esclarecerá se as ações dos últimos dias foram orquestradas:

— Estamos analisando as situações. Já sabemos que no Morro do Cavalão, em Niterói, onde tivemos a morte de dois traficantes, o ataque a um ônibus (quarta-feira à noite, na Rua Joaquim Távora, em Icaraí) foi ordenado por um bandido que está preso em Bangu 3. Houve ataques a uma UPP no Complexo do Alemão. Mas, na Maré, temos três facções atuando na região, o que criou uma dissidência pelo domínio do tráfico.

'VAMOS GARANTIR O DIREITO DE TODOS AO VOTO'

No início do mês passado, o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou um pedido do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) para que forças federais reforçassem a segurança no estado durante as eleições. A decisão foi tomada por unanimidade. O relator do caso, ministro Henrique Neves, afirmou que não havia um fato que justificasse a chegada de tropas. O secretário estadual de Segurança lembrou a posição do TSE.

— Não acho mesmo que exista a necessidade de convocarmos a Força Nacional ou qualquer outra coisa neste sentido, pois acredito que as polícias Militar e Civil têm trabalhado de forma satisfatória e apresentado bons resultados — afirmou Beltrame. — Vamos garantir o direito de todos ao voto reforçando a segurança no Rio com cerca de 30 mil PMs, principalmente no entorno das zonas eleitorais e nas regiões com UPPs.

Do efetivo de PMs que estará nas ruas, 15.190 trabalharão em escala normal, enquanto 14.365 terão folgas suspensas para reforçar o esquema especial de segurança. Serão patrulhados 5.430 locais de votação.

CABEÇA É ENCONTRADA NA AVENIDA BRASIL

Nesta quinta-feira, mesmo com policiamento reforçado, o clima ainda era de tensão nas regiões em que aconteceram ataques. Na Avenida Brasil, que foi fechada três vezes na quarta-feira por causa de intensos tiroteios, policiais do 4º BPM (São Cristóvão) encontraram a cabeça de um homem dentro de um balde, após receberem uma denúncia anônima. Ela estava numa calçada próxima ao Parque Alegria, no Caju. Segundo investigadores, traficantes da comunidade participaram de uma tentativa de invasão a favelas do Complexo da Maré.

No Complexo do Alemão, um homem morreu e um ficou ferido durante um ataque à UPP do Morro da Fazendinha, realizado no início da madrugada. No início da tarde, um outro homem foi baleado de raspão numa suposta troca de tiros entre traficantes.

De acordo com a Secretaria municipal de Educação, nas regiões dos complexos da Maré e do Alemão, 23 unidades de ensino, entre escolas, creches e Espaços de Desenvolvimento Infantil, não funcionaram nesta quinta-feira, deixando 13.051 crianças sem aulas.

Em Niterói, o patrulhamento foi reforçado nas proximidades do Morro do Cavalão. O delegado-titular da 77ª DP (Icaraí), Juarez Alberto Knauer, disse que gravações feitas por câmeras de prédios serão analisadas e poderão ajudar na identificação dos responsáveis pelo ataque a um ônibus da linha 38 (Centro-Itaipu). O motorista e o cobrador do veículo já foram ouvidos. Cerca de 15 jovens atearam fogo ao ônibus, e relatos dão conta de que muitos deles são adolescentes.

O policiamento também ganhou reforço na Mangueira, onde três pessoas ficaram feridas em um tiroteio na noite de quarta-feira. Na Tijuca, moradores do Morro da Formiga voltaram a protestar contra a repressão, por parte de PMs, a mototaxistas e motoristas de Kombis. Um vídeo exibido no ‘‘RJ-TV’’, da Rede Globo, mostra o capitão Carlos Henrique Barrin, comandante da UPP da comunidade, dando um chute numa moradora na noite anterior. Ele alegou que tentava desequilibrá-la enquanto lhe dava voz de prisão por desacato. A imagem será analisada pela 19ª DP (Tijuca).

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