Arrastões e assaltos assustaram participantes de evento
POR O GLOBO
17/11/2014 10:12 / ATUALIZADO 17/11/2014 14:46
RIO - O balanço de ocorrências durante a Parada Gay, divulgado pela
Polícia Militar na manhã desta segunda-feira, aponta que 76 pessoas foram
detidas e levadas para a 12ª DP (Copacabana). A 19ª Parada do Orgulho LGBT do
Rio aconteceu no domingo, na Avenida Atlântica, em Copacabana. No total, 24
maiores foram detidos, e 23 foram liberados após esclarecimentos. Um homem foi
preso. Cinco menores foram apreendidos em flagrantes praticando furtos. Destes,
dois foram liberados na presença do responsável, e um foi levado para um
abrigo, uma vez que, contra ele, havia um mandado de busca e apreensão. Mais 44
menores foram conduzidos para abrigos.
Pela
manhã, o comandante
interino da PM, coronel Ibis Pereira, afirmou que o trabalho dos policiais
durante o evento foi adequado. Segundo
ele, o número de policiais mobilizados foi o necessário para a demanda:
— É preciso pensar que a solução dessas questões passam por outras áreas
além do policiamento. Agimos de forma correta e reprimimos os criminosos que
foram flagrados roubando. O mais importante é que atuamos dentro da legalidade
e respeito a todos — disse Ibis.
Arrastões e assaltos assustaram os participantes do evento. Antes mesmo
do início do desfile, que partiu do Posto 5 em direção ao Copacabana Palace, o
público já reclamava da ação de bandidos, que agiam em grupos. Flagrantes do
repórter fotográfico Gustavo Miranda, do GLOBO, mostram um homem tentando
arrancar o cordão de outro que caminhava pelo calçadão de Copacabana.
— Já vi uns três arrastões. Era sempre o mesmo grupo. O que me deixa
indignada é que a gente vê quem são os bandidos e os policiais não fazem nada —
afirmou a professora Edna Madureira, de 57 anos, ainda na concentração do
desfile, por volta das 15h.
Junto com ela estava a dentista Ana Paula Pizoeiro, de 41 anos, que teve
o cordão roubado por um assaltante.
— Venho à Parada todos os anos. É sempre a mesma coisa. Em geral, são
grupos de menores liderados por rapazes mais velhos — observou. — Acho que
falta policiamento para coibir esse tipo de ação.
Pela primeira vez no evento, o barbeiro Fernando Alves, de 30 anos,
ficou assustado com o que viu:
— Roubaram um celular de um amigo meu e um cordão de outro. Não volto
mais aqui. Não tem segurança.
A dona de casa Teresa Cursati, que mora na altura do Posto 2, viu da
janela de seu apartamento que a abordagem de criminosos era feita a todo
instante.
— Era muita correira e gritaria. Acho que faltou policiamento e
comunicação entre os policiais, para que conseguissem agir melhor — avaliou.
A própria organização do evento ficou surpresa com o quadro de
insegurança. Como acontece tradicionalmente, o desfile é aberto com vários
discursos de organizadores e convidados. Este ano, as falas foram interrompidas
algumas vezes para que os locutores ajudassem os policiais a pegar os
criminosos, já que avistavam alguns autores do alto dos trios elétricos. A cada
assaltante capturado, o público comemorava.
Em nota, a ONG Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, responsável pela
parada, divulgou nota nesta segunda-feira informando que a coordenação do grupo
contratou uma "grande" quantidade de agentes de segurança, "mas
que atuam no campo da segurança patrimonial e dão suporte a situações de risco
ao evento". "Infelizmente, observamos que não foi possível coibir, em
sua totalidade, furtos, roubos e brigas. Reiteramos que cumprimos todas as
exigências de segurança que são requeridas para a realização de eventos
públicos de grande porte", diz a mensagem.
Ao fim do desfile, a coordenadora de comunicação da ONG Grupo Arco-Íris,
Márcia Vilella, disse que ainda não conseguia entender o motivo de tantas
ocorrências do tipo:
— Fizemos reuniões com todos os órgãos de segurança e sabemos que a
Polícia Militar estava preparada para o evento. Não sei o que aconteceu. É a
primeira vez que chega a este ponto. Certamente, faremos uma reunião para
avaliar o que está por trás disso.
No material de divulgação do evento, o Grupo Arco-Íris informou que,
além da Polícia Militar, foram contratados 300 seguranças particulares para
acompanhar o desfile.
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